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Foto do escritorAlberto Moby Ribeiro da Silva

VIAJANDO PELAS PONTES II

Atualizado: 21 de ago. de 2021

Como disse no post anterior, tenho verdadeira paixão por pontes. Isso significa que, em função dessa paixão, é bastante provável que algumas das pontes gravadas na minha memória ou registradas pelas minhas lentes não constem de um guia de viagens e tenham passado despercebidas por outros viajantes. Como este blog não tem a pretensão de ser um guia de viagem nem uma exposição fotográfica, mas um convite a viajar comigo pelas minhas memórias, trago aqui mais algumas pontes que me fazem viajar novamente toda vez que lembro delas. Se você achar que vale a pena, vem comigo. Quem sabe a minha memória de uma ponte não te estimula a também querer conhecê-la ou a encontrar suas próprias pontes.


TERCEIRA PONTE (Vitória-ES, Brasil)

A Terceira Ponte, na verdade, se chama Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça e liga as cidades de Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo. Ela foi inaugurada em 1989 e tem 3,33 km de extensão, com um vão principal de 70m e altura e 260m de um pilar ao outro, o que permite o acesso de navios de grande porte à Baía de Vitória. Foi a maior obra até hoje realizada no Espírito Santo e uma das maiores do Brasil, razão pela qual é um dos principais cartões-postais das duas cidades e do estado.

O apelido curioso de Terceira Ponte tem a ver com o fato de que já existiam outras duas pontes ligando Vitória e Vila Velha: a “Primeira Ponte” – na verdade, Ponte Florentino Avidos –, inaugurada em 1928, e a “Segunda Ponte” ou Ponte do Príncipe, de 1979.

Na verdade, os detalhes técnicos ou de sua história podem ser dispensáveis. No entanto, a paisagem na qual ela foi inserida e à qual se incorporou faz toda a diferença, produzindo um efeito que imagino que hoje seja inseparável da identidade das duas cidades.

Obviamente, acho pouco provável que alguém viaje pra Vitória ou Vila Velha com o único ou principal objetivo de conhecer a Terceira Ponte. Pra ser sincero, a ponte em si nem tem nada de especial, mas já não se pode dizer o mesmo da paisagem ao redor. Por isso, na minha opinião, se o seu destino for a capital do Espírito Santo ou as praias de Vila Velha, não deixe de atravessá-la. Ou, pelo menos, de encontrar um lugar de onde seja possível contemplá-la ou de fazer umas boas fotos da Terceira Ponte.


PONTE LUÍS I (Porto-PT)

A Ponte Luís I é uma ponte em estrutura metálica com dois patamares, construída entre 1881 e 1888, que cruza o Rio Douro, ligando as cidades portuguesas do Porto e Vila Nova de Gaia. Ela substituiu uma antiga ponte pênsil que existia no mesmo local e foi realizada a partir do projeto do engenheiro belga Théophile Seyrig, que tinha sido assistente de Gustave Eiffel na construção da Ponte de D. Maria Pia, para transporte ferroviário, também no Porto.

A estrutura da ponte pesa 3.045 toneladas, tem 385m de comprimento, um arco que mede 172m de uma ponta à outra e 45m de altura. Pelo patamar superior passa, além de pedestres, a Linha D do metrô do Porto (Hospital de São João-Santo Ovídio), enquanto a parte de baixo é exclusiva para o trânsito de carros, embora exista também uma passagem, bem mais estreita, para aqueles que estão a pé. De qualquer um dos dois patamares, a vista é de tirar o fôlego. Mas, na condição de um dos cartões-postais do Porto, a Ponte Luís I não deve apenas servir como mirante (ou, como dizem os portugueses, “miradouro”). Ela, sem dúvida, merece também ser admirada e fotografada, seja a partir do Porto, seja a partir de Vila Nova de Gaia.

Aliás, é a partir da Av. Diogo Leite, na margem sul do rio, em Vila Nova, que, na minha opinião, estão os melhores ângulos para admirá-la. Importante dizer que Vila Nova tem várias outras atrações interessantes ou relacionadas a essa ponte ou às quais se pode chegar, saindo-se do Porto, tão logo a cruzamos a pé, de carro ou pela linha D do Metro.

Entre essas atrações, uma imperdível é o teleférico, que sai da chama Beira de Gaia (a margem do Rio) até o alto, onde estão a Ponte D. Luis, o Jardim do Morro e o Mosteiro da Serra do Pilar, na parte alta de Gaia. Outra atração indispensável são as caves (adegas) à margem do Rio Douro, que são onde realmente é armazenado o vinho do Porto. Na verdade, esse vinho mundialmente conhecido é produzido numa região relativamente extensa ao longo das margens do Rio Douro, do qual o Porto é seu ponto central de escoamento, por ser a cidade localizada na foz do rio, do onde partiam e ainda partem os navios carregados com esse líquido saboroso e precioso.

Há seis pontes cruzando o Douro entre o Porto e a Vila Nova de Gaia. A Ponte Luís I é apenas uma delas, talvez a mais fotogênica e a que dá uma visão mais panorâmica e mais charmosa das duas cidades vizinhas. Nada impede que você vá ao Porto e faça um tour pelas pontes. E escolha uma ponte pra chamar de sua, por que não?


LIESDELSLUIS (BRUG 207) (Ponte 207) (Amsterdam-NE)



A Liesdelsluis (ponte nº 207) é uma ponte permanente no Red Light District (De Rosse Buurt – a vizinhança vermelha, em holandês), no centro de Amsterdam. Na verdade, é uma pequena ponte para pedestres e ciclistas sobre o canal Oudezidjs Voorburgwal, um dos mais antigos da cidade. Feita de tijolos pequenos, característicos de grande parte do centro histórico, a ponte, formada por três arcos, se estende por cerca de quarenta metros. literalmente se traduz como Muro Bastião do Lado Antigo, já que foi construído no século XIV para defender a cidade de intrusos. Sob sua proteção estava o centro histórico, contendo a Oude Kerk (Igreja Antiga), mas agora é parte da região da cidade mundialmente famosa como Red Light District. Durante o dia, moradores e turistas se misturam nos muitos cafés, que à noite o brilho das luzes vermelhas refletidas nos canais imóveis tgransforma na zona de prostituição mais famosa do mundo.

A ponte em si não é um monumento, já que é uma construção relativamente recente, embora existisse outra ponte no local desde o início de Amsterdã. Essa ponte antiga já podia ser vista num mapa pintado de 1538 por Cornelis Anthonisz Balthasar Florisz. Outra testemunha foi Van Berckenrode, que também desenhou a ponte, com dois pilares, em seu mapa de 1625. Quando o artista Johannes van der Drift passou por lá, por volta de 1868, ele de fato encontrou uma ponte de pedra em arco com três passagens. Infelizmente, assim como a ponte, as fotos não resistiram bem ao teste do tempo. George Hendrik Breitner passou alguns anos depois e encontrou uma ponte completamente diferente, uma ponte de viga de 1879 que estava na moda na época. A ponte repousava sobre pilares em suportes e consoles de ferro fundido.

Mas essa ponte também durou um pouco. Nos anos de 1976-1977, a ponte teve que ser renovada e foi restaurada à sua antiga glória. No entanto, foi dada a ela uma fundação de estaca e uma camada de concreto, o que impediu sua classificação como monumento municipal ou nacional, embora a forma da ponte pareça antiga.

Como tenho dito sempre por aqui, é muito pouco provável que alguém vá até Amsterdam apenas para conhecer a Liesdelsluis – até porque sobre as dezenas de canais que cortam o centro de Amsterdam há pontes de todas as idades e tamanhos, construídas segundo as mais diversas técnicas e localizadas próximo às mais variadas atrações. Para dizer a verdade, essa nem é a mais bonitinha. No entanto, apesar de não ser um monumento, de não fazer parte do patrimônio histórico de Amsterdam e de nem mesmo ser uma grande obra de arquitetura, a Brug 207 é, sem dúvida, um dos cartões postais da capital holandesa.

Amsterdam é uma cidade incrível, ao mesmo tempo antiga e moderna, medieval e cosmopolita, cheia de atrações as mais diversas. Mas, também como tenho dito aqui, estando em Amsterdam, não deixe de atravessar suas pontes, fotografá-las e fotografar-se nelas. São centenas. Só elas já dariam um roteiro e tanto.


PONTE DI RIALTO (Veneza-IT)

Essa é a ponte em arco mais antiga e também a mais famosa das quatro pontes que cruzam o Grand Canal de Veneza. Foi construída entre 1588 e 1591 para substituir a anterior ponte de madeira, que já havia caído duas vezes, além de ter sido incendiada. Tem uma estrutura muito semelhante às anteriores que ela substituiu, com duas rampas inclinadas unidas por um pórtico no meio.


A primeira construção que cruzou o Grande Canal foi uma ponte flutuante, construída em 1181. Essa primeira ponte era conhecida como Ponte della Moneta, provavelmente porque perto de sua entrada oriental era o local onde se cunhava a moeda veneziana. A evolução e importância do mercado de Rialto, na margem oriental do canal, aumentou o tráfego fluvial consideravelmente perto da ponte flutuante. Por isso, por volta de 1250 ela foi substituída por uma ponte de madeira, que tinha duas rampas inclinadas que se uniam a uma seção móvel, que podia ser elevada para que passassem barcos altos.

A relação da ponte com o mercado finalmente produziu a troca de nome. Durante a primeira metade do século XV, duas fileiras de lojas foram construídas nos lados da ponte. Os impostos destas lojas entravam no tesouro da cidade, que ajudava na manutenção da ponte, o que era vital para uma ponte de madeira.

Em 1310. a Ponte de Rialto foi queimada parcialmente durante a revolta liderada por um nobre chamado Bajamonte Tiepolo. Depois, em 1444, ela não suportou o peso da multidão reunida para ver um desfile náutico e caiu, tendo sido reconstruída outra vez, mas caiu novamente 1524.

A ideia de uma reconstrução em pedra surgiu pela primeira vez em 1503, mas só em 1551, as autoridades venezianas pediram propostas para renová-la. Finalmente, foi aprovado um projeto do arquiteto Antonio da Ponte e a atual ponte construída entre 1588 e 1591.


Nem é preciso dizer que Veneza é a cidade encantada dos sonhos de muita gente e provoca as mais variadas sensações em quem a conhece: suas "avenidas" aquáticas, a imensa quantidade de turistas pra todos os lados, a gigantesca Basilica di San Marco, a Ponte dos Suspiros são apenas as referências mais famosas. No meio de tudo isso, a Ponte Di Rialto ocupa lugar de destaque. É preciso cruzá-la - a pé ou por debaixo dela, de gôndola. Garanto que vai ficar na sua memória e em vários .jpg por muito tempo!


PONTE NO LAGO DO JARDÍN JAPONÉS (Buenos Aires-AR)

A rigor, essa minúscula ponte, com função meramente decorativa, nem deveria fazer parte desta galeria. No entanto, como o que está em jogo na postagem não é o tamanho ou a utilidade da ponte, mas a impressão que me causou, decidi incluí-la. É uma boa oportunidade de comentar sobre o belíssimo Jardín Japonés.

O Jardín Japonés fica no Parque Tres de Febrero, no famoso bairro de Palermo. Foi criado em 1967 em comemoração à visita à Argentina do então príncipe-herdeiro do Japão, o ex-imperador Akihito. Embora seja um espaço público, a entrada ao jardim é paga, e tudo que é arrecadado é destinado à manutenção do Complejo Cultural y Ambiental Jardín Japonés, administrado pela Fundación Cultural Argentino-Japonesa. Além de árvores e plantas, o jardim contém um prédio no qual funcionam um centro de atividades culturais, um restaurante, um viveiro, onde é possível comprar bonsais, e uma tenda de artigos variados.

Dentro do jardim existem algumas pontes sobre lagos e canais artificiais, que constituem símbolos, entre as quais destaco essa ponte pequena e bastante curva, extremamente difícil de atravessar, chamada Puente de Dios, que representa o caminho para o paraíso.

O Jardín Japonés abre todos os dias, inclusive sábados e domingos, das 10 às 18:45 e o ingresso custa $ 290 (cerca de R$ 15,5 quando escrevi este texto). Seu único acesso se dá pela Av. Berro, esquina com Av. Casares.

Buenos Aires é uma linda cidade, cheia de atrações artísticas, culturais, gastronômicas, históricas de belas paisagens. Entre elas, o Jardín Japonés é, sem dúvida, um belo passeio. Fica a cerca de 5km da Plaza de La República, no cruzamento entre as Avenidas 9 de Julio e Corrientes, onde fica o famoso Obelisco, um dos mais famosos cartões postais da cidade.


PONT VELL (Besalú-ES)

(catalão: Ponte Velha)

Esta ponte tão bela quanto famosa, na pequena cidade medieval de Besalú, com cerca de 5km², na região autônoma da Catalunha, na Espanha. A ponte, que é a característica mais importante da cidade, é, na verdade, uma reconstrução do início dos anos 1940.

A Idade Média, a cidade era mais importante, época em que era a capital do condado de Besalú, cujo território tem aproximadamente o mesmo tamanho que a atual comarca da Garrotxa. Em 1996 Besalú foi designada como um conjunto histórico nacional.

A Pont Vell está situada sobre o rio Fluviá. Acredita-se que ela foi construída no século XI sobre uma antiga ponte romana, mas foi reconstruída no século XIV. No entanto, foi novamente destruída durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), voltando a ser mais uma vez reconstruída. Sua estrutura tem oito arcos pontiagudos e é composta de duas seções que formam um ângulo de , em cujo centro está uma torre com um pequeno arco. O acesso a partir da cidade está protegido por duas torres que se uniam à muralha. Essas fortificações eram utilizadas para defender o acesso à cidade e também para a cobrança de pedágio.

Besalú é uma pequena vila medieval com menos de 2.500 habitantes e menor que o centro comercial de grande parte das cidades brasileiras. Seu charme está na preservação do seu patrimônio arquitetônico medieval. Apesar de a Ponte Velha ter sofrido dezenas de intervenções ao longo dos séculos, ainda é õ principal acesso a essa charmosa cidadezinha e, sem dúvida, sua principal atração. A cidade fica a pouco mais de 130km de Barcelona, o que, graças a uma excelente infraestrutura de transportes, significa um pulo e, portanto, permite tranquilamente um bate-e-volta a considerar. Além do mais, está a apenas 35km de Girona, outra cidade da região da Catalunha cuja visita é imperdível. Mas isso já é conversa pra outro post.



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