Preparação da festa da Virgen del Carmen no Jirón de La Unión, centro histórico de Lima
Por ser historiador de formação, obviamente tinha algumas expectativas quanto ao Peru. Afinal, trata-se da região que abrigou a civilização de Caral, uma das mais antigas do mundo, além de ter sido o centro do Império Inca, considerado como o maior Estado da América pré-colombiana. Com a invasão europeia à América, seu território foi elevado a vice-reinado pelo Império Espanhol, no século XVI. Só a possibilidade de ter contato com os vestígios e o legado desses três momentos da história peruana já seria suficiente para aguçar o apetite de qualquer turista apaixonado por história.
Mas o Peru tem também uma geografia que encanta pela variedade. Paisagens áridas, mas também belíssimas praias na costa do Pacífico, os picos nevados da Cordilheira dos Andes, a Floresta Amazônica, o encantador Lago Titicaca, entre tantas outras paisagens, são características de um país cheio de belezas naturais.
Sendo um país com uma história tão rica e geograficamente tão diverso, o Peru possui também heranças culturais das mais encantadoras, dentre as quais se destacam as populações aimará e quéchua, cujas línguas são cooficiais, junto com o espanhol.
Só que a única (até agora...) viagem que fiz ao Peru durou apenas doze dias. Foi curta e insuficiente, nos obrigando a deixar de lado algumas alternativas como, por exemplo, as famosas linhas de Nazca ou Ayacucho ou, ainda, Cajamarca, ao norte. Mas foi bastante para deixar um gosto de quero mais.
Para cada um dos lugares por que passamos é possível fazer vários registros. O roteiro registrado aqui foi apenas o MEU roteiro, nos escassos e intensos doze dias que me foi dado viver nas terras peruanas. Como este blog não pretende ser um guia de viagem, mas um espaço pra compartilhar minhas memórias e impressões, sugiro que cada viajante faça o seu, usando mais ou menos do meu, ou o deixando completamente de lado.
Minha viagem, na verdade, se resumiu a duas metades quase iguais, para as quais é preciso em outra oportunidade dedicar mais tempo, não sei se antes ou depois de explorar outras da infinidade de atrações desse país tão encantador. A primeira metade teve como base a capital peruana, Lima, e sua região metropolitana debruçada sobre o Oceano Pacífico, com cerca de 12 milhões de habitantes cheia de atrações históricas, culturais, gastronômicas e de lazer nem sempre valorizadas pela indústria do turismo.
A segunda metade foi dedicada a Cusco, cerca de 1.100km na direção sudeste. Em torno da antiga Tahuantinsuyu, capital do rico e poderoso império inca até a invasão espanhola, em 1533, há belíssimos tesouros naturais e arqueológicos, dos quais o grande destaque é, sem dúvida, a cidade sagrada – e imperdível – de Machu Picchu. Para facilitar a leitura, falo sobre essas duas metades da minha viagem em duas postagens diferentes. Bora lá?
GRANDE LIMA
Na região metropolitana de Lima, por exemplo, além das inúmeras atrações do centro histórico, o tempo só foi suficiente para conhecer o Museo Larco, o Museo Convento San Francisco e suas catacumbas, os distritos San Isidro, Miraflores – onde, entre outras atrações, fica o sítio arqueológico Huaca Pucllana –, Barranco, e o distrito balneário El Callao-La Punta. Foi possível reservar também uma noite para o imperdível Circuito Mágico del Agua, no Parque de la Reserva.
Fundado em 1926 por Rafael Larco Hoyce, arqueólogo amador então com apenas 25 anos de idade, o Museo Larco detém uma fascinante coleção de cerca de 45 mil peças de arte pré-colombiana. Apaixonado pelo antigo Peru e tendo se deparado com a falta de informações arqueológicas, Larco começou de forma absolutamente amadora sua própria pesquisa científica, tendo coordenado a escavação de uma série de sítios arqueológicos da costa norte do Peru. Suas investigações levaram a uma série de notáveis descobertas arqueológicas, bem como à publicação de textos científicos. Seus estudos estratigráficos foram importantes para entender a profundidade da história do Peru pré-colombiano. Em 1946, ele apresentou a primeira ordenação cronológica das culturas costeiras do norte, antes mesmo do desenvolvimento do método de datação por carbono 14.
Situado em um casarão do século XVIII e rodeado de belíssimos jardins, o museu é uma porta através da qual se pode tomar contato com a fascinante história do antigo Peru. Além da exposição permanente, o ingresso ao Museo Larco dá acesso também a parte dos depósitos de material arqueológico e à famosa Galería Erótica. O endereço é Av. Simón Bolivar 1515, Pueblo Libre. Está aberto todos os dias, inclusive domingos e feriados, das 11 às 19h (domingos, até as 17h). Mais informações aqui.
Passarela de acesso à entrada principal do museu
Sala erótica - Vaso humorístico mochica (1-800 d.C.)
Depósito de achados arqueológicos
O Museo Convento San Francisco y Catacumbas é parte do Conjunto Monumental San Francisco de Jesús el Grande, fundado pelo frade Francisco de la Cruz em 1546.
Atualmente, está localizado no primeiro quarteirão da Av. Abancay. Tem uma extensão aproximada de 600m de largura por 300m de comprimento. Embora em seu auge tenha sido uma das maiores construções religiosas das Américas, esse convento sofreu várias destruições parciais devido a uma série de terremotos, o maior deles em 1746, o que levou a importantes modificações em sua estrutura. Foi o frade espanhol Luis de Cervela, que foi para o Peru como Comissário Geral da Ordem de São Francisco, o responsável por grande parte da reconstrução do convento, à qual acrescentou os azulejos que ainda hoje fazem a fama do convento, bem como uma série de telas retratando a vida de São Francisco, pintadas pelos mais importantes artistas de Lima à época.
Em 1936 aconteceu em Lima o Primeiro Congresso Panamericano de Turismo. Durante esse evento, foi criado no interior do convento um Museu de Arte Religiosa do período dos Vice-Reis, com coleções de objetos de culto de diferentes conventos e monastérios, além do acervo do próprio Convento San Francisco. Desde então, o Museo Convento San Francisco y Catacumbas de Lima vem implementando áreas e oficinas de conservação, organizando eventos acadêmicos, atividades de difusão, buscando se consolidar como um dos principais museus religiosos, com destaque para as famosas Criptas (ou Catacumbas) de San Francisco, famosas por sua semelhança com as catacumbas romanas.
O Museo Convento San Francisco y Catacumbas fica na Plazuela San Francisco, Cercado de Lima. Funciona de segunda a domingo, das 9 às 20:45 e, nos feriados, das 12 às 20:45. Mais informações aqui.
Huaca Pucllana é um sítio arqueológico localizado no distrito de Miraflores. É constituído por uma pirâmide de adobe e argila com sete níveis escalonados. Seus construtores viveram entre 200 d.C e 700 d.C., tendo a Huaca Pucllana sido construída por volta do ano 500. O processo de descobrimento do sítio arqueológico começou em 1981, tendo o lugar a partir de então se transformado em parque histórico e cultural. Hoje em dia, é uma das principais atrações turísticas e o sítio arqueológico mais pesquisado da região metropolitana de Lima.
Pucllana é um local sagrado (huaca) constituído por uma pirâmide truncada de 25m de altura e um conjunto de pátios, praças e muros a nordeste. Possui um salão de exposições, circuito de visitas e outras atrações. Tem 6ha de extensão, mas na década de 1940 a área era o triplo da atual. Segundo os pesquisadores, o abandono e o desinteresse no passado fizeram com que valiosas evidências e pirâmides menores fossem destruídas para a construção de casas, avenidas e parques.
Huaca Pucllana está localizado entre as ruas Independencia, General Borgoño, Elías Aguirre e García Calderón, em Miraflores, estando, portanto, totalmente integrado ao ambiente urbano. Os pesquisadores, no entanto, chamam a atenção para o fato de que antigamente esse local dava acesso rápido à costa, ao ecossistema das colinas e ao controle das bocas dos canais de irrigação. Ao observar a paisagem urbana que a cerca hoje, é difícil imaginar Huaca Pucllana como originalmente inserido em um ambiente de campos cultivados, florestas e pântanos. Quer saber mais? Veja aqui.
San Isidro, Barranco e Miraflores
Administrativamente, a cidade de Lima equivale aproximadamente à Província de Lima, que é subdividida em 43 distritos. O Município Metropolitano tem autoridade sobre toda a cidade, enquanto cada distrito tem seu próprio governo local. Cada um dos 43 distritos tem seu próprio município distrital, que é responsável por seu próprio distrito e coordena com o município metropolitano. Entre esses 43 distritos-municípios, os mais charmosos são San Isidro, Miraflores e Barranco, distantes, respectivamente, cerca de 10km, 12km e 15km ao sul do Município Metropolitano.
Considerado um bairro nobre da cidade, San Isidro é cheio de casarões e prédios empresariais em vias arborizadas. É um dos bairros residenciais mais sofisticados de Lima, além de ser o centro financeiro da cidade. É, portanto, uma região privilegiada e uma das mais seguras da capital. Por isso, é também uma área bastante tranquila à noite. Se você se hospedar por lá, vai usufruir de excelentes cafés e restaurantes, além de visitar parques como o Parque El Olivar. Mas, ao mesmo tempo, prepare-se para gastar mais, embora não seja impossível encontrar hotéis com qualidade e preço mais acessível.
Esquina de Av. Los Incas com calle Choquehuanca
O Parque El Olivar, um dos principais parques da capital, merece ser colocado na sua lista do que fazer em San Isidro. Considerado um dos grandes “pulmões” da capital peruana pela sua imensa área verde, o local recebeu o certificado de monumento histórico em 1959 e é uma excelente opção de passeio. O nome vem do fato de o parque possuir oliveiras com mais de 450 anos. Muitos limenhos aproveitam os enormes gramados do parque para fazer piqueniques e curtir a brisa das árvores, principalmente aos finais de semana. O Parque El Olivar fica aberto de segunda a domingo, das 12h30 às 23h30.
Apesar da cara de poucos amigos dessa oliveira, garanto que o Parque El Olivar é todo encantos, como se pode ver abaixo
Miraflores é o bairro perfeito para quem vai para a capital peruana pela primeira vez. É uma região muito bem localizada para quem quer conhecer os principais pontos turísticos de Lima. Além disso, por ter se tornado um bairro turístico numa cidade que valoriza a gastronomia, Miraflores concentra ótimos restaurantes e opções de lazer. É aqui que fica o Parque del Amor e o Shopping Larcomar, dois pontos imperdíveis da cidade.
Av. Diagonal à altura do Parque Kennedy
Não sei qual é a sua opinião sobre shopping centers e/ou sobre ter esses centros comerciais como referência em seus passeios turísticos. Seja qual for o seu ponto de vista, estou certo de que visitar o Shopping Larcomar será uma grata surpresa. A começar pelo acesso a ele. Trata-se de uma bela praça com vista para o Oceano Pacífico, cheia de grupos de amigos, skatistas e casais. Não há nenhum prédio espelhado, nenhuma torre gigantesca, nada do que costuma caracterizar os megashoppings das grandes cidades. O Shopping Larcomar está logo abaixo dessa praça, sobre uma falésia, bem encostado ao mar, ao qual você tem acesso descendo alguns degraus de uma escada lateral escavada na rocha.
Uma vez no shopping, você descobre que os restaurantes têm vista para o mar e que as lojas ficam a céu aberto. E aqui é preciso abrir parênteses para explicar por quê.
Essa informação é fundamental para qualquer turista que pretenda passar algum tempo na capital peruana: nunca chove em Lima. E, aqui, nunca quer dizer nunca. Seu clima é caracterizado pela ausência de chuva e uma constante cobertura de nuvens. A média pluvial anual em Lima é de apenas 7 milímetros, o valor mais baixo de uma área metropolitana do mundo! Minha viagem aconteceu num mês de julho, exatamente o mês em que o sol menos aparece – cerca de 29 horas em média durante o mês inteiro.
Conversei com pessoas que me disseram nunca ter visto mais que alguns chuviscos esparsos – e mesmo assim, muito raramente. Não é por acaso que Lima não tem rede de águas pluviais nem bueiros. Um guia turístico me disse – meio em tom de brincadeira, mas baseado em fatos reais – que, como durante grande parte do ano o céu da capital peruana está sempre nublado, embora nunca chova, essa condição climática peculiar ajuda a identificar turistas (particularmente brasileiros). É que, ao ver o tempo fechado, é comum o turista deixar seu local de hospedagem portanto um prudente guarda-chuva – que não só não vai ser utilizado como ainda servirá de chamariz para “predadores de turistas” de todas as espécies.
Voltando ao Shopping Larcomar, restaurantes como Mangos, Tanta ou Popular são uma boa dica para almoçar ou jantar. Também para quem quer fazer compras em Lima, muitas lojas de grandes marcas estão nesse shopping. É importante registrar, ainda, que o Larcomar é um shopping relativamente pequeno e que seu charme reside em ocupar uma extensa faixa horizontal e de oferecer uma vista espetacular do Pacífico, mesmo com tempo nublado.
Concluindo, se você gosta de caminhadas pela costa, passar a tarde no parque ou conhecer a gastronomia local, Miraflores deve ser sua escolha de onde ficar em Lima. Por ser um dos bairros mais procurados, vale fazer sua reserva com antecedência.
Restaurante Tanta, à direita
O maior cartão postal de Miraflores é a estátua El Beso, do artista peruano Víctor Delfín, de 1993, que fica no Parque del Amor. A estátua retrata um beijo apaixonado de um casal, tendo o Oceano Pacífico como pano de fundo. Ao redor da estátua, ao longo do Malecón de Miraflores, foram criados bancos em formato ondulado cobertos de mosaicos coloridos, ao estilo do famoso Parque Güell de Barcelona, obra do artista Gaudí. Os cacos de cerâmica que cobrem os bancos formam desenhos de flores e trechos de poemas com referência a grandes histórias de amor da literatura, mas também alguns casais da vida real. Declarações de amor eterno e confissões de partir o coração fazem um mirante lindo para ver o mar. Se você der sorte de pegar uma tarde que não esteja com o céu nublado em Lima, aproveite para ver o pôr-do-sol no Parque do Amor.
Um dos lugares mais indicados para se experimentar os sabores peruanos ou apenas para perambular é o colorido bairro Barranco. Reunindo 24 horas de entretenimento, o bairro é uma mistura de praias, vida noturna e atrações turísticas. Além disso, é o lar da comunidade artística, que vive em antigos edifícios e perambula por antiquários e exposições, sendo, sem dúvida, o maior reduto boêmio da cidade.
Durante o dia Barranco tem uma atmosfera de vila e um clima mais tranquilo. É o período ideal para passeios em parques, praças, lojas de design e galerias de arte. É o bairro ideal para quem gosta de caminhar por ruelas, como a Bajada de los Baños (acima), que leva direto ao mar. A Bajada de los Baños é uma escadaria acima das falésias, funcionando como caminho para o litoral, que antigamente era muito utilizada por pescadores. Ao seu redor foram construídas belas fazendas, chalés e casas preservadas até hoje, muitas delas transformadas em pontos comerciais.
A faixa litorânea, aliás, reúne belas praias – embora uma imensidão de pedrinhas ocupe o lugar que nossos olhos se acostumaram a ver preenchidos com areia fina, sendo mais recomendáveis as caminhadas e a contemplação da belíssima paisagem do que o banho de mar.
Acredito que uma boa sugestão é começar pelas áreas verdes, passando, por exemplo, pelo Parque Húsares de Junín, o Parque Municipal ou o Parque Federico Villarreal, onde há belos jardins e a histórica Puente de los Suspiros, ponte de madeira erguida em 1876. Em uma de suas extremidades, aliás, fica o Paseo Chabuca Granda, com uma praça onde há uma estátua dessa grande cantora e compositora peruana, nascida em 1920 e falecida em 1983. Sua importância para a cultura peruana é tão grande que em 2017 sua obra musical foi declarada Patrimonio Cultural de la Nación e em 2019 o governo peruano concedeu a ela postumamente a máxima condecoração nacional, a Orden El Sol del Perú. Na estátua, do escultor Fausto Jaulis, ela aparece acompanhada do xamã José Antonio Lavalle.
Parque Federico Villarreal
Puente de los Suspiros com o Paseo Chabuca Granda ao fundo
Puente de los Suspiros com o Restaurant Anticuchería El Tío Mario ao fundo
Estátua de Chabuca Granda e do xamã José Antonio Lavalle
O próximo passo é a Iglesia de la Santísima Cruz (abaixo) que é o principal templo do distrito, e a Parroquia La Ermita, onde há um belo mirante com vista para a Bajada de los Baños e o mar, logo a frente do restobar La Posada del Mirador.
Barranco também tem bons restaurantes para todos os orçamentos, dos quais não pude desfrutar porque o tempo era escasso. Aqui você pode ver uma extensa lista deles, com endereços, cardápios e preços.
Embora não tenha sido parte do nosso apertadíssimo tour por Barranco, proponho um giro por alguns espaços culturais pelos quais só tivemos tempo de ver a fachada, como a Biblioteca Municipal, a livraria La Libre e a reconhecida Galería Dédalo, que reúne também peças autorais de design para compra. Pode ser interessante também uma visita ao Museo de la Electricidad, o Museo Pedro de Osma, que é uma belíssima mansão art nouveau, o Museo de Arte Contemporáneo, que reúne obras de 1950 até os dias atuais, e o MATE – Museu Mario Testino, renomado fotógrafo peruano que faz sucesso no mundo da moda. Para conhecer mais artistas nacionais, vale uma ida até a Casa Taller de Víctor Delfín, residência do pintor e escultor, autor da escultura El Beso, já mencionada acima, onde estão expostos seus trabalhos mais conhecidos.
Bonde desativado na Calle Pedro de Osma, em frente ao Museo de la Electricidad
Durante as caminhadas pelo bairro, é comum encontrar grandes murais de arte urbana colorindo as paredes. São trabalhos de muito boa qualidade, que merecem um olhar atento e boas fotografias. As imagens abaixo, por exemplo, são de trabalhos estampados nas escadarías da Bajada de la Oroya.
Os dois trabalhos seguintes estão (ou estavam – as fotos são de 2018) numa parede do Jirón Ayacucho, próximo à Pasaje Chabuca Granda.
Em resumo, na minha opinião Barranco é o bairro mais charmoso, sendo o ideal para viajantes que querem ter mais contato com a cultura local e que querem fugir do lugar comum onde a maioria costuma se hospedar.
O Circuito Mágico del Agua do Parque de la Reserva, inaugurado em 2007, é um dos ícones da cidade de Lima e símbolo da recuperação dos espaços públicos da cidade. É composto por treze fontes eletronicamente controladas da mais alta tecnologia. Formam um conjunto em que a música, a água, os sons e iluminação a laser se misturam num espetáculo único e incrível.
O Parque de la Reserva, por sua vez, é uma imensa área verde que existe desde 1929. Ele foi criado em homenagem aos antigos reservistas que lutaram em defesa da cidade durante a Guerra do Pacífico, entre 1879 e 1883, tendo, por um lado, o Chile e, de outro, o Peru e a Bolívia. No entanto, foi a partir de 2007, com a inauguração do Circuito Mágico del Agua, que o parque adquiriu o status privilegiado que tem hoje. Na verdade, sua criação foi parte de um grande projeto da prefeitura para revitalizar os espaços públicos de Lima.
Cada uma das treze fontes do Circuito é diferente das demais, com um atrativo particular, oferecendo um show independente e à parte. São esguichos de água que dançam ao som de uma música, projeções das mais variadas cores e formas refletindo em um espelho d’água ou enormes jatos que podem atingir dezenas de metros de altura – tudo tão perfeitamente sincronizado e espetacular que chegou a receber do Guiness Book of Records o título de maior complexo de fontes em um parque público do mundo, além de abrigar também a fonte mais alta do planeta.
Todos os dias o Circuito oferece um espetáculo, na Fuente de la Fantasía, uma das maiores e mais impressionantes do parque. São três apresentações, às 18h30, 19h30, 20h30 e 21h30, que reúnem uma multidão de locais e turistas de todas as partes para assistir a um show de luzes, cores, música e magia. O espetáculo dura cerca de 20 minutos e prende a atenção do começo ao fim.
O Parque fica aberto de terça a domingo, das 15 às 22h e o ingresso custa S/ 4.00 (4 Soles – cerca de US$ 1,00). Vale a pena chegar às 15h e aproveitar o ambiente superagradável até a hora do espetáculo das águas. Um detalhe importante dessa recomendação é que várias das fontes do parque são interativas e, portanto, diversão garantida não apenas para crianças, mas também para adultos. Para quem chega ao parte à tarde, um bônus a mais é presenciar as fontes se iluminando ao anoitecer, modificando completamente o ambiente. Mais detalhes, veja no site do Circuito.
Para arrematar, acho que vale a pena um pulo até a Provincia Constitucional del Callao, distante 15km do centro de Lima. El Callao reúne a infraestrutura portuária e algumas das maiores instalações industriais do Peru, além de abrigar o Aeropuerto Internacional Jorge Chávez e o museu militar Fortaleza del Real Felipe. Com uma população de cerca de 813 mil habitantes ocupando um território diminuto, é o território mais densamente povoado do país.
Plaza Matriz, Callao
Malecón Santiago Figueredo, La Punta
Playa Malecón Wiese, com o santuário de aves marinhas Humedal Costero Poza de la Arenilla ao fundo
Playa Malecón Wiese
A província de El Callao abriga também o pequeno balneário de La Punta. Como o nome indica, trata-se de uma pequena ponta de menos de 1km² na extremidade sudoeste de El Callao. Por ser um lugar longe dos circuitos turísticos tradicionais, essa pequena península, além dos encantadores atrativos naturais oferece comida saborosíssima, em estabelecimentos de frente para o mar, a preço muito mais acessíveis que nos pontos turísticos mais tradicionais. Além disso, é delicioso fazer uma caminhada acompanhando o recorte da Playa La Arenilla, um incrível santuário de aves marinhas, retornando pelo lado oposto da península. Se houver tempo, vale a pena esse passeio absolutamente fora da caixinha. Essa me parece uma boa forma de fechar um passeio – ainda que curto como o nosso - pela multifacetada capital peruana.
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