Pra concluir esse grande tour pela capital portuguesa, proponho um passeio que inclui algumas igrejas (das muitíssimas espalhadas por Lisboa), uma grande avenida, algumas praças, parques... Enfim, é uma escolha aleatória, de alguns lugares que por alguma razão não couberam nos roteiros mais arrumadinhos das postagens anteriores. Acho que pode ser uma forma interessante de fechar esse meu/nosso passeio por Lisboa. Vamos?
JARDIM GUERRA JUNQUEIRO (JARDIM DA ESTRELA)
Começo pelo Jardim Guerra Junqueiro, mais conhecido como Jardim da Estrela. Construído ao estilo dos jardins ingleses, de inspiração romântica, esse jardim ocupa uma área de 4,6ha e está aberto ao público todos os dias, das 7h da manhã até a meia-noite. Além de seus belos canteiros, o jardim está cheio de patos-reais, cisnes, gansos, pavões, periquitos e várias outras espécies de aves. Tem também um lago cheio de carpas. Essas atrações são as responsáveis por muitos visitantes o considerarem o parque público mais bonito de Lisboa.
Outro ponto de destaque no Jardim da Estrela é o coreto verde de ferro forjado, onde músicos se apresentam nos meses de verão. Na verdade, esse coreto, construído em 1884, pertencia originalmente ao Passeio Público, mas foi retirado de lá em 1936 para a construção da Av. da Liberdade. O jardim possui, ainda, dois parques infantis e um jardim da infância, da Santa Casa de Misericórdia.
LOCAL: Praça da Estrela – Lapa
Endereço eletrônico: https://www.portaldojardim.com/pdj/2014/04/21/jardim-da-estrela-jardim-guerra-junqueiro-um-espaco-diferente-e-emblematico-com-159-anos-de-historia/
BASÍLICA DA ESTRELA
Em frente ao Jardim Guerra Junqueiro fica a Basílica da Estrela. principal curiosidade sobre essa igreja, que fica no alto de uma colina na região oeste de Lisboa, é que ela foi construída para pagar uma promessa da rainha D. Maria I, filha de D. José I, e seu marido e rei-consorte, D. Pedro III, que por sua vez, era seu tio, irmão de D. José I. O casal prometeu que, se tivesse um filho para herdar o trono de Portugal, ergueria um templo em honra ao Santíssimo Coração de Jesus, o que ocorreu em 1779. O filho, no entanto, morreu de varíola dois anos antes do final da construção, em 1790. O casal teve outros seis filhos, dos quais o segundo foi o rei D. João VI, nosso conhecido.
Mais uma curiosidade. Tudo indica que é da rainha D. Maria I que vem a expressão popular “maria-vai-com-as-outras”. A expressão teria surgido a partir de uma associação com a figura de Dona Maria I, popularmente conhecida como "A Louca".
Por ter problemas mentais, ela ficou incapacitada para governar e foi afastada do trono, passando a viver bastante reclusa. D. Maria I só era vista quando saía pra caminhar, cercada por suas damas de companhia. Quando o grupo era visto circulando pelas ruas do Rio de Janeiro, as pessoas comentavam: “Olha, lá vai D. Maria com as outras!” A frase e suas variações passaram a servir de mote para se referir a alguém que não tem a iniciativa própria, sem liderança ou incapaz de ter vontade própria.
Voltando à Basílica da Estrela, do ponto de vista arquitetônico, ela se destaca por sua beleza, tendo como atração principal sua cúpula, visível de várias partes da cidade, já que a região da Lapa/Estrela é uma das áreas mais altas de Lisboa. Sua arquitetura contém elementos do barroco e neoclássicos. A fachada conta com duas torres iguais e ao centro apresenta o Sagrado Coração de Jesus. Seu amplo interior é em mármore cinza, amarelo e rosa. A cúpula tem várias aberturas, o que permite a entrada de luz natural na igreja. Caso seja do seu interesse, é lá que fica o túmulo de D. Maria I, que faleceu no Brasil, e um presépio formado mais de 500 figuras em terracota e cortiça, criado por Machado de Castro.
Além do interior, você pode também subir na cúpula da basílica, desde que se disponha a encarar seus 114 degraus. De lá você vai poder ver o fantástico Jardim da Estrela, onde costumam acontecer várias atividades culturais, a Ponte 25 de Abril, Castelo de São Jorge e o Rio Tejo. Além do terraço, também é possível andar pela cúpula, vendo do alto o interior da igreja. A subida ao terraço custa € 4,00 e está aberta ao público de terça a domingo, das 10 às 18h30.
LOCAL: Praça da Estrela – Lapa
Endereço eletrônico: https://www.facebook.com/Bas%C3%ADlica-da-Estrela-601727149869939/
PALÁCIO DE SÃO BENTO (ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA)
Seguindo pela Calçada da Estrela, 750m à frente, você chega ao Palácio de São Bento, desde 1834, a sede da Assembleia da República – o Parlamento de Portugal. Construção em estilo neoclássico, esse palácio foi erguido em 1598 para ser um mosteiro beneditino, com o nome de Mosteiro de São Bento da Saúde. Nele também funcionou por algum tempo o Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, foi incorporado aos bens do Estado. Depois da implantação do regime liberal, em 1834, passou a ser a sede das Cortes Gerais da Nação, passando a ser conhecido como Palácio das Cortes. A denominação atual começou a ser utilizada em meados do século XX, em homenagem ao antigo convento.
Ao longo dos séculos XIX e XX, o Palácio foi sofrendo uma série de grandes obras de remodelação, internas e externas, que deram a ele uma aparência quase completamente distinta da do antigo mosteiro. Além de suas funções como sede do Parlamento português, o palácio abriga, ainda, um museu histórico, um arquivo histórico, um arquivo fotográfico, um arquivo audiovisual e uma biblioteca.
LOCAL: Praça da Constituição de 1976
Endereço eletrônico: https://www.parlamento.pt/
JARDIM DO PRÍNCIPE REAL
Bora andar mais um pouquinho? Pegue a Rua de São Bento, à esquerda, vire à direita, na Rua Nova da Piedade, e vá ate o final dela. Em seguida, pegue a Rua da Palmeira, à direita, também até o final. Pronto! Chegamos à Praça do Príncipe Real, onde fica o jardim do mesmo nome.
A história desse jardim é, no mínimo, curiosa. No século XVI, a área em que atualmente fica o jardim era conhecida como Chãos da Ferroa ou Alto da Cotovia e era considerada a lixeira do Bairro Alto. No sec. XVII, João Gomes da Silva Teles, filho do Marquês de Alegrete, recebe como dote de casamento o Condado de Tarouca, onde se incluíam os terrenos do Alto da Cotovia. Resolve, então, construir ali um palácio luxuoso, que acaba não sendo concluído e se transforma em ruínas, voltando o local, em 1740, a ser usado como lixeira.
Depois disso, as terras são vendidas à Companhia de Jesus, que manda limpar o terreno e inicia a construção do Colégio das Missões. Esse colégio, no entanto, é completamente destruído pelo terremoto de 1755, ficando tudo reduzido a escombros, sendo aí montados acampamentos para os regimentos militares a quem o Marquês de Pombal encarregara da limpeza e segurança da cidade, e onde permaneceram por vários anos, tendo ali sido erguida uma das forças da cidade. É também instalada, provisoriamente, no lugar a Paróquia da Encarnação. Mais tarde, é construída a nova sede patriarcal, onde se chegou a celebrar missa num barracão montado para isso.
No entanto, em 1769 um violento incêndio criminoso deixa a igreja em ruínas, passando o local a ser conhecido por “Patriarcal Queimada”. O autor do incêndio foi Alexandre Francisco Vicente, que era empregado da sede patriarcal, na tentativa de esconder o fruto dos roubos que praticava, e que, como punição pelo crime, considerado um sacrilégio, acabou por perder as duas mãos, sentença que lhe foi aplicada no próprio local.
Em 1789, a Coroa portuguesa resolve aproveitar o local para construir o edifício do Real Erário, a Tesouraria Central do Reino. Considerada demasiado dispendiosa, a obra foi abandonada no começo, voltando o espaço mais uma vez a ser depósito de entulho, até 1835 quando os terrenos são entregues à Câmara Municipal de Lisboa.
Finalmente, em 1856 é projetado o Reservatório de Água da Patriarcal – já mencionado na postagem anterior –, cujas obras terminam em 1864. Recebendo inicialmente as águas do Aqueduto das Águas Livres, foi na época o mais importante tanque no sistema de distribuição de água realizada para a Baixa. Em homenagem ao herdeiro do reino, o futuro D. Pedro V, o lugar recebe o nome de Praça ou Largo do Príncipe Real.
Em 1869, o local passa a dispor de iluminação, sendo também ajardinado. É um jardim, de traçado romântico inglês, com uma área de 1,2ha. Nele se destacam várias espécies de árvores, com destaque para o enorme cedro-do-Buçaco, ou cedro-português, a principal atração da praça, com 20m de diâmetro.
Com a queda da monarquia, o jardim passa a se chamar, entre 1911 e 1919, Praça Rio de Janeiro, sendo oficialmente batizado, em 1925, como Jardim França Borges, em homenagem a um famoso jornalista republicano português. Mais tarde, o seu antigo nome de Príncipe Real volta a ser utilizado. De 1950 a 1960 funcionou lá uma biblioteca municipal móvel e de 1963 a 1970, durante grande parte do verão, uma feira. Além de um parque infantil, o Jardim do Príncipe Real possui também mesas de jogos, esplanadas, quiosques, bebedouros, realizando-se ali vários eventos, em que o mercado semanal (aos sábados), de produtos orgânicos é um deles. LOCAL: Príncipe Real
IGREJA DE SÃO ROQUE
Nossa próxima parada é a Igreja de São Roque. Pra chegar até lá vamos pegara Rua de D. Pedro V até ela se transformar em Rua de São Pedro de Alcântara. São Roque fica quase no final dela, à esquerda, a uma distância de cerca de 650m do Jardim do Príncipe Real.
No atual Largo da Misericórdia, onde a igreja está situada, parece ter existido, na Idade Média, um cemitério das vítimas da peste negra. Naquela época, o lugar ficava fora das muralhas da cidade e era pouco povoado. Foi o povo que construiu uma ermida, em 1506, que rapidamente foi assumida como lugar de peregrinação e culto.
As sucessivas ondas de peste na Europa geravam um permanente pavor do povo e o temor por parte da Coroa. D. João II e D. Manuel I já tinham ouvido falar dos feitos milagrosos de São Roque. Segundo a crença da época, o santo tinha sido infectado e se curou milagrosamente. D. Manuel I solicitou uma relíquia do santo, cujos restos mortais estavam em Veneza, para proteger Lisboa. O doge – o governante de Veneza – satisfez o pedido de D. Manuel I e a relíquia foi colocada numa ermida no Bairro Alto.
Mais tarde, D. João III entregou o lugar aos jesuítas, que construíram aí a sua sede – a primeira igreja da Companhia de Jesus em Portugal –, e a igreja de São Roque, ao longo do tempo, tornou-se uma das mais imponentes e luxuosas em Portugal. Essa igreja, aliás, foi um dos raros edifícios em Lisboa a sobreviver ao terremoto de 1755 relativamente incólume.
Com a expulsão dos jesuítas de Portugal, tanto a igreja como a residência auxiliar foram cedidas à Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, em substituição aos seus edifícios e igreja destruídos no terremoto. Até hoje essa igreja continua a fazer parte da Santa Casa.
LOCAL: Largo Trindade Coelho – Bairro Alto
Endereço eletrônico: https://mais.scml.pt/museu-saoroque/igreja/
TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS
Da Igreja de São Roque em diante, no sentido sul, a Rua de São Pedro de Alcântara vira Rua da Misericórdia. Por esse caminho você chega à Praça Luís de Camões, no Chiado, sobre a qual já falei aqui. Vamos virar à esquerda, no Largo do Chiado, passando pela Igreja de Nossa Senhora do Loreto dos Italianos, à esquerda, e a Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, à direita, em seguida, pela Estação Baixa-Chiado do metrô, virando à direita, na Rua Paiva de Andrade. Logo à frente está o Largo de São Carlos e ao Teatro Nacional de São Carlos.
Inaugurado em 30 de junho de 1793, esse teatro ainda se mantém atualmente como o único teatro de Portugal voltado para a produção e apresentação de óperas e música coral e sinfônica. Apresenta uma programação musical regular em três espaços: a Sala Principal, palco de grandes produções líricas e de concertos sinfônicos e coral-sinfônicos, mas também de balé. O Salão Nobre, que permite o acesso à varanda da fachada, recebe recitais e concertos de diferentes formações instrumentais, leituras de ópera e apresentações mais intimistas. O Foyer – a entrada do Teatro –, espaço privilegiado para concertos de câmara e breves recitais de entrada gratuita.
Foto: Rui Gaudencio
A memória de todas as atividades artísticas e técnicas do teatro é preservada e divulgada pelo Centro Histórico do Teatro, através das exposições de patrimônio móvel, guarda-roupa, cenografia, arquivo musical, fotográfico e documental que organiza. Além disso, a preocupação com a história da ópera e dos grandes compositores também está presente no Projeto Pedagógico do Teatro, que promove a realização de visitas guiadas ao edifício do teatro, além de várias outras atividades lúdicas e pedagógicas para crianças e jovens, famílias e professores, bem como público em geral, com o intuito de promover a aproximação entre o teatro e a comunidade.
LOCAL: Rua Serpa Pinto, 9 – Baixa-Chiado
Endereço eletrônico: https://tnsc.pt/
IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO VELHA
Borandá mais um pouco. Pegue a Rua do Arsenal, à direita e vá até o fim dela, até a emenda com a Calçada Ferragial, virando a rampa à direita. Em seguida, pegue a Travessa Cotovelo, à esquerda, ou continue em frente e dobre à esquerda no Largo do Corpo Santo. Ao chegar à Rua do Arsenal à esquerda. Siga em frente, passe pela Praça do Comércio, com seu emblemático Arco da Rua Augusta. A partir daí, a rua passa a se chamar Rua da Alfândega. Siga por ela e passe pelo restaurante Martinho da Arcada, à esquerda, e pelo Museu da Cerveja, à direita – todos esses espaços já mencionados na minha postagem sobre a Baixa-Chiado –, até chegar à Igreja Nossa Senhora da Conceição Velha.
Em 1502, a Ermida de Nossa Senhora do Restelo foi integrada ao Mosteiro dos Jerónimos. O rei de Portugal àquela época, D. Manuel, que em 1496 tinha extinguido a Judiaria Grande de Lisboa, cedeu o terreno da antiga sinagoga aos frades, que mandaram construir nele uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição, que se tornaria igreja paroquial em 1568.
Em 1682, essa igreja deixou de ser sede paroquial, tendo a sede da paróquia passado para um novo templo, que passou a ser conhecido como Igreja de Nossa Senhora da Conceição Nova, enquanto a Igreja da Conceição dos Freires passava a ser chamada de Conceição Velha. Destruída pelo terremoto de 1755, essa igreja teve que ser reerguida, não no seu local original, mas no local da antiga Igreja da Misericórdia.
Um dos mais suntuosos monumentos da cidade, a Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tinha sido inaugurada em 1534 como primeira casa própria desta confraria. Também muito afetada pelo terremoto, dela só sobreviveram parte da fachada sul e a capela lateral do Espírito Santo.
Em 1768, com a expulsão dos jesuítas dos territórios portugueses, a Santa Casa da Misericórdia foi transferida para a Igreja de São Roque. Com isso, o rei D. José I, grão-mestre da Ordem de Cristo, decidiu reconstruir a Conceição Velha no local da antiga Igreja da Misericórdia, aproveitando os elementos sobreviventes, obra que foi concluída em 1770. Transformada a antiga capela lateral em capela-mor, alinhada com a fachada que sobreviveu, a nova igreja, tendo a virtude de conservar estes elementos quinhentistas, ficou, no entanto, consideravelmente menor e um tanto desproporcional.
LOCAL: Rua da Alfândega – Baixa Pombalina
Endereço eletrônico: https://paroquiasaonicolau.pt/igreja-de-nossa-senhora-da-conceicao-velha/
IGREJA DE SANTA ENGRÁCIA (PANTEÃO NACIONAL)
Nosso próximo ponto é meio longe e é aconselhável pegar autocarro (ônibus) 781 – linha Prior Velho na Estação Sul e Sueste, na Rua dos Arameiros, quase em frente à igreja, e descer na Estação Santa Apolónia. De lá vai ser preciso subir uns 300m de ladeira e por isso pode ser que você prefira pegar um taxi ou carro de aplicativo como alternativa.
Essa igreja, em sua configuração atual, está no local onde havia outro templo, erguido em 1568, por determinação da Infanta D. Maria, filha do rei D. Manuel I, para receber o relicário da virgem mártir Engrácia de Saragoça. Essa antiga igreja, por sua vez, foi construída no lugar de um templo ainda mais antigo, de meados do século XII. No entanto, a construção de 1568 foi bastante danificada por um temporal no ano de 1681.
A primeira pedra do atual edifício foi lançada no ano seguinte, em 1682, mas só foi concluída 248 anos depois, em 1966. Nesse meio tempo, ela serviu às mais variadas utilizações, entre as quais ter servido como depósito de armamentos do arsenal do exército e de fábrica de sapatos, nos séculos XIX e XX.
Quanto ao Panteão Nacional, a decisão de se criar um espaço para reverenciar os heróis nacionais portugueses é de 1836, quando o então ministro Reino Passos Manuel decretou a sua criação, sem, no entanto, definir u, lugar para isso. Naquela época, o objetivo era homenagear os heróis que se sacrificaram na Revolução de 1820 (a mesma que foi responsável pela volta de D. João VI para Portugal, deixando seu filho, o futuro D. Pedro I, no Brasil como príncipe regente).
Ao mesmo tempo, o Panteão deveria reavivar na memória coletiva pessoas consideradas como grandes homens da história de Portugal que estavam sendo relegados ao esquecimento, como, por exemplo, os escritores Luís de Camões, Almeida Garrett, Guerra Junqueiro e Sophia de Mello Breyner Andresen, a cantora Amália Rodrigues, o jogador de futebol Eusébio, além de personalidades do mundo da política. Isso, como eu disse antes, só aconteceu em 1966, com a conclusão das obras da Igreja de Santa Engrácia.
Foto: legna13, 2009
O Panteão Nacional fica aberto de terça a domingo, das 10 às 13h e das 14 às 17h, e não abre nem 1º de janeiro, no Domingo de Páscoa, no 1º de Maio, 13 de junho (Dia de Santo Antônio) e 25 de dezembro. Os ingressos custam € 4,00. Maiores de 65 anos e estudantes pagam € 2,00.
LOCAL: Campo de Santa Clara – São Vicente
Endereço eletrônico: http://www.panteaonacional.gov.pt/
FEIRA DA LADRA
Foto: Livia & Gabriel Lorenzi
Bem atrás do Panteão Nacional, se for uma terça-feira ou um sábado, você vai ter a oportunidade de conhecer a famosa e divertida Feira da Ladra. É só descer pelo Campo de Santa Clara ou pegar a Travessa Paraíso e virar à esquerda, na Rua do Paraíso.
Essa feira tão emblemática já teve várias localizações. A atual denominação surgiu em 1610, mas a atual localização é relativamente “recente”: desde 1882. Trata-se de uma feira popular de objetos usados, velharias, peças de colecionadores, antiguidades e artesanato que, às terças e sábados, acontece da manhã até a tarde. Tem a particularidade de, junto com os habituais feirantes, ser um local escolhido por muitos jovens sem dinheiro para venderem objetos usados ou as velharias da família e, assim, conseguirem alguns trocados.
Seu interesse está no fato de ser a mais antiga e a mais conhecida feira da cidade. Embora não haja acordo sobre a origem do seu nome, existe a possibilidade de que ele não tenha nada a ver com ladras ou ladrões, mas sim com a língua árabe.
Como Feira da Ladra remonta ao século XIII ou mesmo antes, quando a língua árabe era ainda familiar em Lisboa. Tem a ver com o fato de que, entre os habitantes da cidade, um grande número era de cristãos arabizados. Grande parte desses cristãos foram confundidos pelos cruzados aliados de D. Afonso Henriques vindos do Norte da Europa para expulsar os mouros de Portugal, que não distinguiam as pessoas. Para eles, qualquer um que falasse ou entendesse árabe era infiel e inimigo e, devia ser morto impiedosamente. Parte dos cristãos arabizados que sobreviveram ao massacre dos cruzados teriam sido os primeiros organizadores da feira, fora das muralhas que então demarcavam os limites da cidade. Essa feira passou a ser conhecida Feira da Virgem – a Mãe de Jesus. Em árabe, a palavra para virgem é al-aadraa.
LOCAL: Campo de Santa Clara – São Vicente
IGREJA DE SÃO VICENTE DE FORA
Foto: Deensel, 2017
Caso não seja do seu interesse – ou caso o dia em que você for visitar o Panteão não seja uma terça ou sábado –, o próximo passo é a Igreja de São Vicente de Fora, também bem perto. Desça as escadarias do Panteão e vire à direita. Em seguida, vire à esquerda, novamente à direita e mais uma vez à esquerda. Se você vir um arco, está no caminho certo: é o Arco Grande de Cima. É preciso um pouco de atenção pra para não se confundir, já que todas as ruelas ao redor do Panteão são denominadas Campo de Santa Clara! Passe por baixo do arco e siga em frente. A parede à sua esquerda desde o arco até final dessa rua pertence a São Vicente de Fora – na verdade, uma igreja e um mosteiro.
A origem dessa igreja remonta a 1582, no local onde D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, havia mandado construir um primitivo templo também sob a invocação de São Vicente, proclamado padroeiro de Lisboa em 1173, quando as relíquias do santo foram transferidas do Algarve para uma igreja fora das muralhas da cidade. Iniciada em 1590, sob a direção do arquiteto e engenheiro italiano Filippo Terzi (1520-1597), segundo um desenho do arquiteto espanhol Juan de Herrera (1530-1597). Além desses dois profissionais, merece destaque também o arquiteto português Baltasar Álvares, responsável por introduzir na obra toques do maneirismo romano, através da influência de seu tio, o arquiteto e engenheiro português Afonso Álvares (15??-1580). É a partir dessa obra que nasce o maneirismo português, que viria a servir como modelo na arquitetura religiosa da época.
Concluída em 1627, essa igreja e mosteiro estão organizados ao redor de dois claustros, em três andares, constituídos de refeitórios, cozinhas, casa do capítulo, capelas, dormitórios, etc. Apesar das suas grandes proporções, a construção é pautada pela simplicidade, simetria e equilíbrio, sendo considerada um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes e monumentais de Lisboa. A pintura do teto da Portaria, do florentino Vincenzo Baccarelli, é uma das poucas que sobreviveram ao terremoto de 1755.
LOCAL: Largo De São Vicente – confluência dos bairros da Graça e Alfama
Endereço eletrônico: https://mosteirodesaovicentedefora.com/
PRAÇA DOS RESTAURADORES
Para a próxima parada – a Praça dos Restauradores –, o melhor e mais pitoresco meio é o famoso elétrico (bonde) 28E, que faz a linha Campo Ourique (Prazeres)-Praça Martim Moniz. Seu ponto de acesso vai ser a Rua da Voz Operário, quase em frente à igreja, e seu desembarque, na paragem final, na Praça Martim Moniz. De lá, ainda é preciso fazer a pé cerca de 500m. Pegue a Rua da Palma, vire à direita, na Rua Barros Queirós, passe pelo Teatro Nacional D. Maria II, na Praça D. Pedro IV (ou Rossio, sobre o qual também já falei no post sobre a Baixa-Chiado), e pegue a Rua 1º de Dezembro, à direita.
Et voilà! A praça fica no começo da Av. da Liberdade, a poucos metros do Rossio. É facilmente identificável devido ao alto obelisco, de 30m de altura, denominado Monumento aos Restauradores, inaugurado em 28 de abril de 1886, em comemoração à libertação de Portugal, em 1º de dezembro de 1640, depois de sessenta anos sob o domínio da Coroa espanhola – período conhecido como União Ibérica. Inaugurado em 1886 pelo rei D. Luís I, o monumento central da praça tem figuras em bronze que representam a Vitória e a Liberdade.
Além do seu belíssimo calçamento em pedra portuguesa e do obelisco, outra atração é o entorno da Praça dos Restauradores. Vale a pena destacar a fachada barroca do Palácio Foz, em bege e rosa, construído na segunda metade do século XVIII e remodelado posteriormente ao estilo italiano. Uma pequena parte desse edifício abriga o Centro de Informações Turísticas. Outro destaque é o Teatro Eden, um exemplo clássico de art déco. Inaugurado como teatro e cinema em 1931, ele foi fechado em 1989 para reabrir, depois de um processo de restauração, como hotel. Outro edifício de destaque é o Cinema Condes, que atualmente abriga uma filial do Hard Rock Café. Pouco do interior original foi preservado, mas o exterior em art déco merece atenção.
Próximo ao Palácio Foz fica o Ascensor da Glória, um dos três funiculares de Lisboa, instalado em 1885, ligando a Praça dos Restauradores e o Miradouro de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto. Os outros dois são o Ascensor da Bica, de 1892, ligando a Rua de São Paulo e o Largo do Calhariz, no Bairro da Bica, e o Ascensor do Lavra, de 1884, que liga Largo da Anunciada e a Rua Câmara Pestana. Interessante destacar que o Ascensor da Lavra foi o primeiro funicular de passageiros do mundo.
LOCAL: Baixa Pombalina
AVENIDA DA LIBERDADE
Nosso destino, a partir da Praça dos Restauradores, é o Parque Eduardo VII da Inglaterra. Mas para chegarmos lá é necessário cruzar a indispensável Avenida da Liberdade e, ao final dela, fazer uma parada na Praça Marquês de Pombal, num percurso em linha reta de cerca de 1,5km.
Uma das principais artérias da cidade, a Avenida da Liberdade tem cerca de 90m de largura e 1.100m de comprimento, contando com várias faixas e largos passeios decorados com jardins e calçada portuguesa. Tanto a Av. da Liberdade quanto a Praça dos Restauradores têm a sua origem na alameda chamada Passeio Público, criada pelo arquiteto Reinaldo Manuel em 1764. Inicialmente, ela era murada, mas nas décadas de 1830 e 1840 sofreu grandes alterações, comandadas pelo arquiteto Malaquias Ferreira Leal, que introduziu um novo arranjo de jardins e fontes, com quedas de água e estátuas alegóricas que representam o Rio Tejo e o Rio Douro.
Após muita polêmica, a avenida foi construída, entre 1879 e 1886, à imagem e semelhança dos boulevards de Paris. A sua criação foi um marco na expansão da cidade para norte e tornou-se rapidamente uma referência para a classe dominante lisboeta, que passou a construir aí suas mansões.
Embora atualmente muitas das construções originais da avenida tenham sido substituídos por prédios de escritórios e hotéis, a avenida ainda mantém edifícios bastante interessantes do ponto de vista artístico e arquitetônico, especialmente os construídos na virada do século XIX para o XX. Outra atração são as estátuas de escritores como Almeida Garret, Alexandre Herculano e outros. Seu ar aristocrático confere a ela o status de uma das avenidas mais caras do mundo.
LOCAL: da Praça dos Restauradores à Praça Marquês de Pombal – Baixa Pombalina
PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL
Na confluência entre a Av. da Liberdade e o Parque Eduardo VII da Inglaterra, essa praça, também conhecida como Rotunda do Marquês de Pombal, foi inaugurada em 1934 para homenagear o famoso marquês, homem-forte do reinado de D. José I. Uma imagem sua em bronze está no alto de uma coluna em pedra trabalhada, com 40m de altura. Na parte superior do pedestal existem quatro medalhões onde figuram os principais colaboradores do marquês. Já a parte inferior da base é rodeada por diversas figuras alegóricas, com destaque para a figura feminina simbolizando a Lisboa reedificada e três grupos de esculturas que remetem às reformas pombalinas após o terremoto de 1755. No alto, a estátua do Marquês de Pombal, de corpo inteiro, tem uma das mãos pousada sobre um leão, simbolizando o poder, e os olhos voltados para a Baixa, o centro da cidade de Lisboa, por cuja reconstrução ele foi o responsável.
Antes chamada de Rotunda, foi nessa praça que se deram os acontecimentos decisivos que levaram ao fim da monarquia e à proclamação da república em Portugal, em 5 de outubro de 1910. Debaixo dela passa o extenso Túnel do Marquês, que liga o eixo da Av. Fontes Pereira de Melo à autoestrada A5, que dá acesso aos municípios a oeste de Lisboa.
LOCAL: Av. da Liberdade – São Sebastião da Pedreira
PARQUE EDUARDO VII DE INGLATERRA
Foto: Graça Vargas, 2009
Na sequência, logo após a Praça Marquês de Pombal, está o Parque Eduardo VII de Inglaterra, o maior parque público do centro de Lisboa. Recebeu esse nome em 1903 para homenagear o rei monarca inglês, que tinha visitado Lisboa no ano anterior para reafirmar a aliança entre os dois países. Até então, seu nome era Parque da Liberdade.
A intenção ao se construir esse parque era voltar a dar a Lisboa o que o Passeio Público tinha dado até meados do século XIX em termos de um espaço público de lazer, que tinha sido destruído com a abertura da Av. da Liberdade, em 1882. Para isso, foi utilizada uma área aberta pertencente à Pedreira de São Sebastião, que originalmente estava destinada ao prolongamento "verde" da Av. da Liberdade.
Sua faixa central, gramada, é ladeada por longos passeios de calçada portuguesa, dividindo o parque em duas áreas verdes arborizadas. No topo norte do parque existe um mirante monumental onde foi instalado um monumento à Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974), que livrou Portugal de 41 anos de regime ditatorial.
Foto: @ilya_ibio
LOCAL: São Sebastião da Pedreira
CAMPO PEQUENO
Agora te convido a conhecer um lugar que pode provocar um certo desconforto em algumas pessoas. Trata-se do Campo Pequeno, um daqueles lugares que me causam sempre um certo incômodo, mas que, por outro lado, entendo que é indispensável conhecer, se o seu propósito, na condição de turista, for não somente se divertir, mas também conhecer, aprender e refletir. Situado no coração de Lisboa, é, sem dúvida, um espaço emblemático da cidade desde 1892, com sua singular arquitetura de estilo neoárabe, tem, para parte significativa da população lisboeta, um grande valor cultural e afetivo – razão pela qual atrai, inevitavelmente, um grande número de turistas.
Antes de quebrar o suspense, vamos à indicação de como chegar lá. Saindo do Parque Eduardo VII o melhor e mais fácil trajeto é via metro. Vá à Estação Marquês de Pombal, pegue o comboio (trem) da Linha Amarela no sentido Odivelas e desça na Estação Campo Pequeno, duas paradas depois.
Mas, afinal, qual é o problema do Campo Pequeno? O problema é que uma de suas atividades-fim – durante muito tempo, a única, na verdade – é a tauromaquia, isto é, as touradas. Segundo seus defensores, as touradas são uma das marcas mais fortes do povo português, com um valor cultural e social inestimável. A primeira referência a uma tourada em Portugal é de 1258, nas Inquirições de D. Afonso III, segundo a qual D. Sancho I, o segundo rei de Portugal, lanceou touros no Campo da Almoinhas. Segundo esses defensores, a tourada é, antes de qualquer coisa, uma festa e, por natureza, um momento de comemoração, onde a comunidade se reencontra e se recria. Praticamente todas as corridas de touros acontecem em festas locais e é aí que as touradas têm uma importantíssima função social. Não sei qual a sua opinião sobre isso, mas acredito que, seja qual for, deve valer a pena uma visita a essa arena – pelo menos para ter uma ideia mais clara do que se trata, como funciona uma tourada, que paixões ela desperta e a quem ela ofende e provoca indignação.
Entre 2000 e 2006, o Campo Pequeno, essa icônica arena de touros de Lisboa, sofreu um amplo processo de restauração e ressignificação que, ainda que respeitando suas características originais, o transformou num edifício moderno do ponto de vista funcional. Essa arena ainda mantém sua atividade tauromáquica, mas agora ér também um espaço multiusos para espetáculos e eventos, para os quais foram acrescidas outras áreas: restaurantes com varanda, um museu, um estacionamento subterrâneo e um centro comercial com uma área de alimentação, um supermercado, oito salas de cinema e acesso direto ao metrô.
LOCAL: Av. da República – Campo Pequeno
Endereço eletrônico: https://www.campopequeno.com/
CENTRO COLOMBO
Foto: Tere Barchin
Agora é hora da parada para as compras. Se você está esperando por isso, nosso próximo destino e o Centro Colombo, considerado o maior centro comercial da Península Ibérica em número de lojas. Se você estiver no Campo Pequeno, será preciso retornar à Estação Marquês de Pombal. Caso abra mão de conhecer o Campo Pequeno e esteja ainda no Parque Eduardo VII, será preciso pegar o comboio da Linha Azul do metro no sentido Reboleira, na estação Marquês de Pombal, e descer, sete estações depois, na Estação Colégio Militar/Luz. O trajeto é de cerca de 5km, que é feito em 14min.
O Centro Colombo é um imenso shopping center à margem da Av. Lusíada, bem próximo ao estádio do Benfica. O local, apesar de estar a cerca de 7km do centro de Lisboa, é de fácil acesso, já que em frente a ele existe um amplo terminal de autocarros (ônibus), além da estação Colégio Militar do metrô. Sua gigantesca infraestrutura oferece as mais variadas opções de comércio, como lojas de roupa, bares, restaurantes e lanchonetes, papelarias, um hipermercado, além de cinemas, espaços para exposições temporárias, jardins e até mesmo uma capela.
Inaugurado em 1997, esse centro comercial homenageia o navegador e explorador genovês Cristóvão Colombo – certamente, um contraponto ao Centro Vasco da Gama, no Parque das Nações, do qual falei num post anterior. Não por coincidência, sua arquitetura e decoração original propõem representações da época dos descobrimentos portugueses. Embora entre 2007 e 2009 sua decoração interior tenha sido completamente renovada, misturando temas contemporâneos aos originais, suas praças e ruas internas ainda têm nomes alusivos à época quinhentista, tais como Avenida dos Descobrimentos e Praça Trópico de Câncer.
LOCAL: Av. Lusíada – Carnide
Endereço eletrônico: https://www.colombo.pt/
PARQUE FLORESTAL DE MONSANTO
Minha última sugestão para Lisboa é o Parque Florestal de Monsanto, que talvez seja preferível deixar para outro dia, já que ele ocupa uma área de 1.000ha na Serra de Monsanto, no limite oeste de Lisboa, ocupando cerca de 10% do território do município. Caso você esteja no Centro Colombo, a melhor opção para chegar lá talvez seja chamar um carro de aplicativo, já que as estações do metro mais próximas te deixam a entre 1,5 e 2km de distância da entrada.
Ele é o principal pulmão da capital portuguesa, o maior parque florestal português e um dos maiores da Europa. Inclui espaços de lazer que proporcionam aos habitantes e visitantes várias atividades, tais como esportes radicais, caminhadas, atividades ao ar livre, trilhas de mountain bike, peças de teatro, concertos, feiras, exposições, além de vistas únicas sobre a cidade de Lisboa e municípios limítrofes, do estuário do Rio Tejo e do Oceano Atlântico. Além disso, no interior do parque fica o belo Palácio Marquês de Fronteira. Acho que seria uma opção a considerar para fechar um passeio memorável por Lisboa.
LOCAL: Estrada do Barcal, Monte das Perdizes
Endereço eletrônico: https://www.facebook.com/Parque-Florestal-de-Monsanto-142480915823867/
PALÁCIO MARQUÊS DE FRONTEIRA
Para finalizar, dentro do Parque Florestal de Monsanto fica o Palácio Marquês de Fronteira – ou simplesmente Palácio Fronteira. Essa deliciosa casa senhorial rural foi construída originalmente como pavilhão de caça para D. João de Mascarenhas, o primeiro Marquês de Fronteira, entre 1671 e 1672.
O palácio e o jardim possuem uma bela coleção de azulejos, cujos temas vão deste batalhas até macacos tocando trombetas. Embora o palácio ainda seja ocupado por descendentes do marquês, algumas das salas, como a biblioteca e o jardim podem ser visitados.
Um dos seus espaços mais interessantes é a Sala das Batalhas, que tem belos painéis com cenas da Guerra da Restauração (1640-1668), em que D. João de Mascarenhas aparece lutando contra um general espanhol. Foi a lealdade de Mascarenhas a D. Pedro II durante esse conflito que o levou a ser recompensado com o título de Marquês de Fronteira. Outro espaço importante é a Sala de Jantar, decorada com azulejos holandeses – o que pode estimular comparações entre os dois estilos, já que os azulejos das duas salas são do século XVII – e com retratos da nobreza portuguesa. Além dessas duas salas, vale a pena visitar também a Sala de Juno ou Sala Império, decorada com afrescos e também com retratos da nobreza.
A Capela, construída no final do século XVI, é a parte mais antiga da construção, embora tenha sido reformada no século XVIII. Sua fachada é enfeitada com pedras, conchas, cacos de vidros e fragmentos de porcelana. Corre a lenda de que essas peças foram usadas na inauguração do palácio e quebradas propositalmente, para que mais ninguém utilizasse as mesmas peças em que o futuro rei (D. Pedro) se tinha servido. No terraço da capela há nichos de azulejos decorados com figuras que personificam as artes e figuras mitológicas.
Só é possível conhecer o interior do palácio através de visitas guiadas, de segunda a sábado, às 11h e 12h. Já as visitas ao jardim acontecem de segunda a sexta-feira, das 10 às 17h, e aos sábados, das 10 às 13h. O preço do ingresso para o palácio é de € 13,00 e, para os jardins, de € 5,00. Neste caso, você ainda pode alugar um áudio-guia por € 3,00.
LOCAL: Largo São Domingos de Benfica, 1
Endereço eletrônico: https://fronteira-alorna.pt/palacio-fronteira/
Abaixo, os dois circuitos do passeio de hoje.
Bem, quanto a Lisboa, missão cumprida! Foram seis postagens nas quais tentei apresentar um panorama bem diverso dessa encantadora cidade – às vezes registrando apenas minhas impressões pessoais; outras, te convidando a me acompanhar num passeio despreocupado; outras, ainda, acompanhando sugestões de amigos, de outros viajantes ou dos responsáveis pelo próprio ponto turístico. Se você me acompanhou até aqui e ainda não conhece a capital portuguesa, tenho certeza de que agora deve estar cheio de vontade de conhecer. Se já conhece, deve estar doido pra voltar.
Mas ainda tenho mais a te contar sobre Portugal. Nas próximas postagens, vamos andando devagarinho em direção ao norte desse grande pequeno país com o qual, para o bem ou para o mal, temos tanto a ver. Bora lá?
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